Primeiramente é preciso entender o que é a ruptura de estoque e como ela se caracteriza dentro de suas operações. Segundo GRUE, CORSTEN, BHARADWAJ, 2002, uma única operação pode chegar a ter até 5% a mais de resultados positivos caso as rupturas sejam sanadas.
A ruptura se caracteriza quando um consumidor final apresenta uma demanda de produto que não é possível ser atendido no momento da finalização de compra, seja por falta total, grade e/ou cor. Caso o consumidor não encontre o produto desejado, ele pode chegar a algumas opções conforme abaixo:
Um dos grandes agravantes da ruptura é a perda de venda do consumidor, que neste caso, opta por comprar em outra loja ou online, perdendo a credibilidade da operação.
Como calcular o índice de ruptura?
O cálculo do índice é bastante simples, porém deve-se levar em consideração qual a profundidade de informação desejada.
A formula utilizada como padrão é:
ISE / TP * 100
Onde:
ISE = Itens sem estoque
TP = Total de produtos
Exemplo: Uma loja de calçados, em uma coleção ativa, possui um total de 7000 mil pares em estoque, porém, destes 7000 pares, existem 3000 pares de grades inexistentes (Produtos com apenas um tamanho em estoque por exemplo), ou seja:
3000 / 7000 * 100 = 43% de ruptura
Neste caso levamos em consideração somente produtos sem grades, conforme citamos acima, podem ser levados em consideração diversos fatores, como produtos básicos, produtos de coleções contínuas, produtos com cores faltantes, entre outros.
Esta seria a visão MACRO de seu estoque, porém a ruptura pode ser calculada em diversos níveis, seja por coleção, tipo de produto, cores, tamanhos, etc... Quanto maior o controle de informações melhor será a utilização deste indicador.
Quais são os principais motivos de ruptura de estoque e como evitá-los?
Existem diversos motivadores de ruptura, desde uma gestão pífia do estoque até problemas na cadeia de distribuição, iremos citar alguns motivos e como sana-los de forma eficaz.
1 – Falta de controle do estoque atual:
Parece brincadeira comentarmos sobre controle de estoque em pleno 2019 mas ainda é muito grande o número de operações no varejo que não tem controle algum sobre o seu estoque atual e seu mix de produtos disponíveis. É essencial que a operação tenha o controle de quais produtos possui e onde estão em sua cadeia, seja no salão de vendas, estoque, centro de distribuição e até pedidos executados, somente assim se poderá ter uma visão macro de como o estoque está respirando, quais produtos disponíveis e quais estão para chegar.
Existem diversas formas de controlar o estoque e seus pedidos, desde a utilização de um software ERP até controles manuais, utilize de acordo com a sua disponibilidade no momento.
Execute inventários periódicos, conte seu estoque com intervalos menores, pois, além de manter a sua visualização macro em dia, também evita roubos e emissões falhas.
2 – Atrasos na cadeia de distribuição:
Ainda muito comum no Brasil, podem ocorrer problemas na cadeia de distribuição, sejam ao seu alcance ou não. Neste caso deve-se acompanhar de perto todos os pedidos e compras efetuadas visando manter seu estoque o mais saudável possível.
Acompanhe o engajamento de seus fornecedores quando ocorrerem estes casos, sabemos que o varejo é dinâmico e seus parceiros também devem acompanhar esta premissa, aposte nos que lhe auxiliam em casos de entregas falhas e que também lhe entregam somente o pedido.
3 – Falta do estoque mínimo ou mix (Grade/cor):
Toda a operação para se manter saudável deve estipular um estoque mínimo ou por demanda, ou seja, manter o estoque aquecido com os produtos mais procurados ou de acordo com o que o mercado sinaliza como tendência.
Para que isso ocorra, os dois primeiros pontos citados acima devem ser sanados, para que se tenha a visão completa da cadeia e seja necessário apenas a reciclagem do estoque. Existem diversas formas de estipular o estoque mínimo ou mix, tanto por fórmulas como visualizando manualmente seu estoque.
Com a utilização de seu ERP, você pode buscar as informações de faturamento já realizado, e então tomar a decisão baseada no seu crescimento utilizando os dados da empresa do ano ou meses anteriores, como por exemplo:
- Falta de estoque mínimo:
Uma loja de calçados vende em torno de 20 pares por dia, e recebe seus produtos de 15 em 15 dias.
Neste caso, deve ser calculado qual o estoque mínimo de compra a cada pedido para manter o mesmo de forma saudável (Iremos utilizar somente o valor total de pares, não levando em conta o seu mix).
Para este cálculo podemos efetuar a seguinte formula:
EM = VD * TE
Onde:
EM = Estoque mínimo
VD = Vendas dia
TE = Tempo entrega
Levando em consideração o exemplo acima, o estoque mínimo ficará da seguinte forma:
EM = 20 * 15
EM = 300
Levando em consideração somente a quantidade total de estoque, o mínimo estimado neste caso seria 300 pares.
- Falta de mix de produtos:
Uma loja de calçados vendeu em outubro de 2018 200 pares de sapatos, destes, 100 foram botas, 50 scarpins e 50 sandálias. Visando o crescimento de 10% no ano de 2019, a empresa então deve ter o estoque mínimo de 220 pares.
Em casos de falta de mix, sem o controle de estoque, esta loja poderia efetuar a compra/pedido de 220 pares de botas, levando em conta que a venda de botas equivaleu a 50% do faturamento em 2018, o que está errado, pois geraria a ruptura do restante dos produtos faltantes no mix.
Neste caso, o correto seria efetuar a compra do mix completo, levando em consideração cada tipo de produto (Neste caso estamos levando em conta somente o TIPO de produto, em situações ideais deve ser levado em conta todos os níveis do mesmo para o melhor controle), ficando da seguinte forma:
Tabela 1: Exemplo compra de mix
|
Vendas 2018 |
Porcentagem 2018 |
Projeção 2019 |
Porcentagem 2019 |
Botas |
100 |
50% |
110 |
50% |
Scarpins |
50 |
25% |
55 |
25% |
Sandálias |
50 |
25% |
55 |
25% |
Fonte: Do autor (2019)
Vale lembrar, nos dois casos citados estamos levando em consideração dados contínuos, porém, sempre devem ser levados em consideração fatores externos, como aumento de demanda repentina (datas comemorativas, liquidações, etc), tempo de entrega, atrativos, campanhas, entre outros, o varejo não é e nunca será uma ciência exata, o controle do estoque e rupturas é um grande facilitador para mantermos as vendas sempre em alta, porém, nada substitui o olhar clinico e o conhecimento do ambiente macro de suas operações.
Inicie de forma simples, controlando seu estoque e tendo em mãos os seus números, na medida do possível, abra cada vez mais os níveis visualizados para manter o estoque assertivo e sempre saudável, abuse das tecnologias do mercado para auxiliar neste controle e mantenha por perto os melhores parceiros para lhe atender!
Sobre o autor.
Marcos Zanelatto é Diretor comercial Server Softwares para Varejo e acompanha o mercado do Varejo analizando fatos e projetando tendências de comportamento do consumidor e mercadológicas.
Possui Pós-graduação em Gestão do Varejo pela ESPM Sul e MBA em Gestão do Varejo pelo SENAC SP.
marcos@serverinfo.com.br